Torre de lego
Vagueio até reparar que estou num sítio completamente deserto! Vejo um café e decido parar um pouco para me orientar…
Entro…e à medida que os meus olhos se vão habituando à escuridão do interior, ganho percepção do abandono daquele local…esses locais que atraem almas solitárias e dotadas desse mesmo abandono...
Tudo o que vejo entristece-me…uma mulher a tomar o seu pequeno-almoço em pé, tem um ar revoltado, a rondar a raiva…ao olhar para baixo reparo que usa uma prótese na perna…
Apetece-me fugir dali, mas algo me detém! Vejo alguém entrar desnorteadamente ,indo contra tudo…é um cego!
“O que há para almoçar?”
Por vezes o relógio biológico adianta-se ou atrasa-se…ainda estávamos a meio da manhã! O cego era mais conversador, encheu aquele estranho lugar de ruído…mas a sua conversa era tão surreal quanto o seu aspecto!
Oiço ladrar ao meu lado…é o Tico! O meu alheamento aborrecera-o, ou talvez aquele cenário também o pusesse inquieto.
Ao ouvir ladrar surge uma outra personagem que estava sentada. Afaga o pêlo do cão…é estranha…com um cabelo muito comprido, carregado de brancas,uns dentes completamente estragados, mas de uma simpatia desconcertante.
Retribuo-lhe o sorriso, mas sinto um arrepio…A mulher da prótese deita-nos um olhar furtivo e o cego continua no seu monólogo. A empregada (muito adequada àquele cenário) apercebe-se finalmente que estou ali para pedir alguma coisa, mas antes que ela pudesse falar, saio com medo daquele local…daquelas estranhas criaturas!
O ser humano é assim…sente-se ameaçado pela”anormalidade”,por tudo o que seja diferente do seu “belo” mundo construído com memórias implantadas e ideias preconcebidas, que ao mínimo”abanão”se desmoronam, tal como aquelas torres gigantes de legos que as crianças gostam de fazer!!
Por isso saí para rua ensolarada…é sempre mais fácil fugir!
Entro…e à medida que os meus olhos se vão habituando à escuridão do interior, ganho percepção do abandono daquele local…esses locais que atraem almas solitárias e dotadas desse mesmo abandono...
Tudo o que vejo entristece-me…uma mulher a tomar o seu pequeno-almoço em pé, tem um ar revoltado, a rondar a raiva…ao olhar para baixo reparo que usa uma prótese na perna…
Apetece-me fugir dali, mas algo me detém! Vejo alguém entrar desnorteadamente ,indo contra tudo…é um cego!
“O que há para almoçar?”
Por vezes o relógio biológico adianta-se ou atrasa-se…ainda estávamos a meio da manhã! O cego era mais conversador, encheu aquele estranho lugar de ruído…mas a sua conversa era tão surreal quanto o seu aspecto!
Oiço ladrar ao meu lado…é o Tico! O meu alheamento aborrecera-o, ou talvez aquele cenário também o pusesse inquieto.
Ao ouvir ladrar surge uma outra personagem que estava sentada. Afaga o pêlo do cão…é estranha…com um cabelo muito comprido, carregado de brancas,uns dentes completamente estragados, mas de uma simpatia desconcertante.
Retribuo-lhe o sorriso, mas sinto um arrepio…A mulher da prótese deita-nos um olhar furtivo e o cego continua no seu monólogo. A empregada (muito adequada àquele cenário) apercebe-se finalmente que estou ali para pedir alguma coisa, mas antes que ela pudesse falar, saio com medo daquele local…daquelas estranhas criaturas!
O ser humano é assim…sente-se ameaçado pela”anormalidade”,por tudo o que seja diferente do seu “belo” mundo construído com memórias implantadas e ideias preconcebidas, que ao mínimo”abanão”se desmoronam, tal como aquelas torres gigantes de legos que as crianças gostam de fazer!!
Por isso saí para rua ensolarada…é sempre mais fácil fugir!
3 Comentários:
"É sempre mais fácil fugir...", é sp mais fácil não querer, não ouvir,não mostrar...ignorar! Talvez essa condição de humanos nos faça assim, mas acredito que bem dentro de muitos de nós há um pedacinho divino que Deus nos deixou e que não nos deixa ser tão indiferentes a muitos cenários que nos passam pela vida...e por muito estranhas que sejam as pessoas, o coração sente e a boca diz quando é necessário...
Excelente texto, muita reflexão... Beijo enorme... Ti amu! =)
Mesmo que não queiramos fugir, a verdade é que muitas vezes não temos o apoio suficiente para seguir em frente. Ás vezes não nos apercebemos da crueldade da vida. E ela está diante dos nossos olhos mais vezes do que pensamos. Mas preferimos sempre evitá-la a ter que a enfrentar, especialmente porque não nos identificamos com ela e temos medo que se isso acontecer, o nosso castelo se desmorone e a felicidade caia com ele...
Com toda a razão é semopre mais fácil fugir...
Este texto mexeu muito comigo... Obrigada Nia, pelas palavras certas num tema incerto e inquietante.
Beijinho
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